Se tornar uma “ativista sindical” para lutar por ambientes de trabalho seguros e combater todos os tipos de violência é o foco do “Treinamento de Defensoras das Mulheres ou “Women's Advocacy”, uma iniciativa da ITF (Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes), que reúne 35 mulheres sindicalistas do setor aéreo (aeroportuárias, aeroviárias e aeronauta) de várias regiões do país.
Também participam do evento, que iniciou no dia (7) e termina nesta quarta-feira em Guarulhos, cidade vizinha a São Paulo, dirigentes dos condutores de Guarulhos e dos Rodoviários de Sorocaba e uma companheira ferroviária do Rio de Janeiro.
É a primeira vez que esse Treinamento da ITF é ministrado no Brasil, inicialmente com o setor aéreo, em parceria com o Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina). O programa conta com o apoio da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da CUT (FENTAC).
Claire Clarke e diretora da Secretaria de Igualdade de Gênero da ITF, a canadense Jodi Evans – foto: Viviane Barbosa/Mídia Consulte
O papel das defensoras das mulheres
Durante o Treinamento, as trabalhadoras do setor aéreo compartilharam experiências sofridas de assédio moral no trabalho, violência doméstica e assistiram vídeos do programa “Defensoras das Mulheres” da ITF, que mostraram situações de violência no trabalho, destacando qual é o papel da defensora para atuar nesses casos.
“É fundamental ter uma escuta ativa, neutra e resistir ao impulso de dar conselhos. Tem que focar na questão do problema que está afligindo aquela mulher vítima de violência e fazer perguntas esclarecedoras. É importante também ver os sinais de alerta, leve a sério suas suspeitas e preocupações. Conduza qualquer intervenção com segurança e respeito. Busque ajudar, fazendo encaminhamentos, caso a violência está em casa, busque ajuda em Casas de Apoio ou chame a Polícia, se for emergência”, explicou a diretora da Secretaria de Igualdade de Gênero da ITF, a canadense Jodi Evans, que ministrou o Treinamento junto com a assessora da entidade, Claire Clarke.
A ativista Jodi disse que o programa existe há 20 anos e começou no Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Automóveis do Canadá. Hoje o projeto tem 450 sindicalistas “defensoras” que atuam em muitos locais de trabalho e em vários setores da economia canadense.
“Com o apoio da Unifor e da ITF iniciamos esse treinamento em países como o Nepal, Índia, Austrália e Líbia, Peru e agora no Brasil. Temos observado que as mulheres sindicalistas desses países contam a mesma história sobre a violência sofrida e o quanto interferem em suas vidas. Por isso precisamos capacitar mais ativistas para criarem um programa sustentável, criando espaços seguros nos locais de trabalho para as mulheres compartilharem suas histórias e buscarem apoio”, esclarece Jodi.
A rodoviária de Sorocaba e diretora da CNTTL, Kelly Cristina Faria, contou uma experiência que tem ajudado as trabalhadoras na cidade. Trata-se de um “Botão de pânico" que pode ser acionado por meio de um Aplicativo, instalado no celular da mulher, que a ajuda em casos de incidentes dentro do transporte coletivo.
Mara e as diretoras da ITF conversam sobre aplicar esse Treinamento para as todas as trabalhadoras em transportes da base da CNTTL – foto: Viviane Barbosa/Mídia Consulte
Treinamento atingirá todos modais de transportes
O balanço do Treinamento da ITF foi considerado muito produtivo, segundo Mara Meiry, dirigente do Sina, Secretária das Mulheres da CNTTL e coordenadora da atividade. A sindicalista disse ao Portal da FENTAC que esse evento é um “marco”, considerando o momento político que o Brasil atravessa atualmente,no qual os direitos da classe trabalhadora estão regredindo em razão das políticas nefastas do governo federal.
“Estou muito surpresa com o interesse, a dedicação e a participação de todas as companheiras, independente do setor. O setor aéreo foi o primeiro, em virtude de uma moção que aprovamos no Congresso das Mulheres em Transportes da ITF em Marrakesh, no Marrocos. Denunciamos a violência no trabalho sofrida por uma aeroviária da empresa aérea Azul, que sofreu discriminação de um passageiro. Junto com a ITF vamos estender esse Treinamento para todas as trabalhadoras em transportes dos modais rodoviário, portuário, metro-ferroviário, cargas e viário em todo o país”, finaliza Mara.
#EsseÉNossoMundoTambém
#ThisIsOurWorldToo
Grupo de sindicalistas do setor da aviação fizeram treinamento avançado para serem as “formadoras de defensoras das mulheres” nos locais de trabalho: foto: divulgação
As diretoras da ITF com Kelly Cristina, diretora dos Rodoviários de Sorocaba e da CNTTL – foto: Mídia Consulte
Fotos:Mídia Consulte