Mais um trabalhador morre no pátio do aeroporto de Congonhas. Até quando?

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Em 2023, o aeroporto de Congonhas, um dos mais movimentados do Brasil, tornou-se o cenário de uma tragédia que pouco reverberou na grande imprensa. Uma trabalhadora, cujo nome pode ser facilmente esquecido, perdeu a vida após ser atropelada por um caminhão. Enquanto isso, o silêncio das manchetes soava ensurdecedor, como se a vida de um trabalhador comum não valesse a pena ser noticiada.

No dia 6 de março, um novo capítulo dessa história trágica se desenrola: um trabalhador perdeu a vida dentro do pátio do mesmo aeroporto, ao ajudar um colega a manobrar um ônibus elétrico, que merecia tanta publicidade pela sua inovação. No entanto, será que essa nova fatalidade irá chamar a atenção que merece? Ou será apenas mais uma página triste num jornal que prioriza cliques em vez de realidades?

A exemplo do, também lamentavelmente, ocorrido com o cãozinho Joca, um animal que conquistou corações nas redes sociais que faleceu durante o transporte por uma empresa aérea, as vozes devem se levantar e as câmeras, imediatamente, acender para que a sociedade se mobilize em favor da vida humana. Não se pode permitir que a morte de um ser humano venha ser relegada ao esquecimento!

Impõe-se, inclusive à Mídia,  urgente campanha e posicionamento a compelir, as autoridades locais e os envolvidos, à implementação de meios a garantir a segurança dos trabalhadores e usuários dos serviços aeroportuários.

A pergunta que ecoa é: quanto custaria a instalação de um monitor com sensor de marcha à ré no painel desse ônibus? O que sabemos com certeza é que, ao invés de priorizar a segurança dos trabalhadores, parece haver uma tendência a ignorar suas vidas e necessidades. A morte desse trabalhador não é apenas uma tragédia; é um reflexo de um sistema que não valoriza seus empregados e prefere manter as cortinas fechadas sobre suas dores.

E enquanto a ANAC e outras instituições se mostram coniventes, fazendo vistas grossas e lutando judicialmente contra a interdição dos auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que procuravam proteger os trabalhadores desde abril de 2024, fica a indagação sobre os valores que realmente importam para aqueles que gerenciam a aviação no Brasil.

Chegou a hora de a sociedade, a imprensa e as autoridades olharem para essas tragédias com a seriedade que merecem. Uma família perdeu um ente querido, e essa perda deve servir de alerta. Não podemos aceitar que a dor humana seja ofuscada pela superficialidade de uma notícia sobre um animal de estimação. Que o lamento por vidas perdidas transforme-se em ação, pressionando por mudanças que garantam a segurança e dignidade de todos os trabalhadores. Nós, da FENTAC, afirmamos: Chega. É hora de parar de fazer política com vidas e começar a valorizar cada uma delas, independentemente de seu status social, raça ou espécie.