Conferência de sindicatos do setor aéreo na América Latina

Encontro discutiu conjuntura política e situação da viação civil em todo o Continente

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Nos dias 26, 27 e 28/11 ocorreu, em Bogotá, Colômbia, um encontro de entidades que integram a Rede de Sindicatos da Aviação Civil da América Latina e do Caribe.

O encontro, que teve como pauta principal a discussão da conjuntura política e a situação da viação civil no nosso continente, ocorreu no meio de negociações sindicais por toda América Latina e com a participação de federações do México, República Dominicana, Colômbia, Paraguai, Peru, Equador, Argentina, Chile, Uruguai, Panamá e Brasil, que teve como representante da FENTAC o presidente do SINDIGRU, Rodrigo Maciel.

A Federação Internacional dos Trabalhadores de Transportes – ITF, apresentou as definições do último congresso internacional. Ocorrido em Cingapura, deliberou a configuração das questões de trabalho junto à implantação de novas tecnologias, a discussão da economia do setor de transporte aéreo e o avanço das regulações e políticas a nível continental.

Atualmente a ITF representa mundialmente 256 sindicatos e mais de 2 milhões de trabalhadores em 120 países, sendo uma importante ferramenta de fortalecimento da aviação civil, solidificando a luta dos sindicatos frente às organizações mundiais de trabalho.

O momento escolhido para a realização do encontro foi providencial, além do Brasil, muitos outros países da América Latina enfrentam um grave momento de destruição das leis trabalhistas, ataque aos trabalhadores e de ameaça ao bem estar social e o setor de aviação civil vem sofrendo fortes investidas, com o intuito de enfraquecer acordos coletivos. Debater estratégias para o fortalecimento do setor é uma questão emergencial e continental.

Conjuntura política e reflexo sindical

Outras deliberações importantes ocorreram com relação a conjuntura política e as estratégias que devem ser usadas para combater a atual onda liberal que exonera as empresas de responsabilidades com trabalhadores e trabalhadores, colocam a força de trabalho como custo e defendem o lucro como direito privado, e que vem sendo responsável por uma investida cada vez mais forte e homogênea na América Latina em empresas de diversos setores. Este cenário liberal discutido no encontro, e que assola muitos países na América Latina, faz parte de um projeto político e ideológico que ataca declaradamente os modelos econômicos progressistas e ameaçam catastroficamente o bem estar social, frente a interesses individuais e corporativistas de concentração de riquezas, e que estão sendo adotados agressivamente pelas companhias de tráfego aéreo, essa postura reflete em diversas áreas, gerando um conflito não apenas trabalhista, mas social.

A discussão do tema durante o encontro, deliberou sobre a postura que as federações e sindicatos devem tomar diante dessas ameaças, esse aprofundamento político exige que as entidades sindicais se coloquem como representantes não apenas trabalhistas, mas do povo, e que sejam protagonistas na criação de estratégias de resistência popular e de retomada do poder pela classe trabalhadora.

Segurança sem fronteiras

Em sua conclusão, ficou estabelecido durante o encontro um plano de trabalho, que tem como alicerce a segurança sem fronteiras, que deve ser executado até a conferência regional do setor que está prevista para ocorrer em 2021, além de uma agenda setorial que abrange atividades funcionais de trabalhadores da tripulação, setor de operações de carregamento e descarregamento de aeronaves, o setor na manutenção, os trabalhadores de aeroportos e controladores de tráfego aéreo.

Esse plano de trabalho, assinado pelas confederações de todos os países que participaram do encontro, constitui um tratado de unidade e solidariedade que fortalece as entidades e trabalhadores de diversas categorias do setor aéreo de toda a América Latina, e será essencial para o enfrentamento e luta contra a precarização, terceirização e para garantir a segurança de voo.