Londres: Comitê Internacional de Tripulantes debate melhorias para categoria

O Brasil foi representado pelo presidente da FENTAC/CUT, Sergio Dias e a dirigente Tânia Jordão, do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA)

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Segurança, saúde e as condições de trabalho dos aeronautas foram os principais temas discutidos durante o encontro do Comitê Internacional de Tripulantes, ocorrido em Londres (Inglaterra). 

A atividade, que aconteceu no dias 26 e 27 de fevereiro, reuniu representantes sindicais de várias partes do mundo que debateram e definiram estratégias para trazer melhorias para a categoria em escala mundial. O Brasil foi representado pelo presidente da FENTAC/CUT, Sergio Dias e a dirigente Tânia Jordão, do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).

Exposição a gases tóxicos

No campo da saúde, foi discutida a contaminação através do ar da fonte de ventilação dos motores das aeronaves. Ela se dá por meio do TCP (Fosfatos Tricresyl), que está presente em forma de aditivo nos óleos utilizados na maioria das aeronaves.

“Constatamos que os tripulantes não são treinados para reconhecer ou reagir sobre essa contaminação”, destaca  Sergio Dias.  

De acordo com estudo da Universidade de Cranfield (Inglaterra) 23 de 100 voos, estão impregnados com esse tipo de gás.

Os tripulantes contaminados apresentam os seguintes sintomas: a bordo – dor de cabeça, gosto metálico, tosse, olhos/nariz/garganta irritados, náusea etc. Pós voo – pressão no peito, fadiga profunda, sinusite, tosse, etc. Crônica – fadiga, dores de cabeça, problemas de peso, concentração, memória, tremores etc.

Com a grave constatação, foi definido que os agentes reguladores da aviação global necessitam exigir da indústria a implementação mais rigorosa e preventiva. “É preciso treinar os trabalhadores para reconhecer/responder às emanações, filtrar o ar antes trip/pax respirá-lo e reforçar medidas de proteção para a equipe de manutenção”, reforçou Dias.

Qatar Airways

A   situação dos tripulantes na Qatar Airways  também foi um das pautas do encontro. A companhia tem mais de 21 mil trabalhadores, faz 125 destinos em cinco continentes, passou a  fazer parte do seleto grupo da One World, em 2013, no entanto, há altos índices de rotatividade. Além disso, mais de 90% dos trabalhadores são imigrantes.

O presidente da FENTAC, contou que no encontro foi possível propôr a criação de uma rede de trabalhadores, na qual no futuro, poderá se tornar um sindicato. “Por meio dele, seria possível melhorar os direitos e condições de trabalho e, consequentemente, o diálogo com a companhia”, relata.

I am Delta

Outra pauta de destaque da atividade foi a situação dos comissários na Delta. A Federação Internacional dos Trabalhadores em Transporte (ITF) está promovendo a campanha mundial “I am Delta” para a criação do Sindicato dos Comissários da Companhia –  são cerca de 20 mil trabalhadores.

Pela lei americana, é necessário ter autorização do governo para sua constituição.  A permissão foi dada, porém a Delta investe  na desmobilização. A empresa incentiva os seus comissários a não criarem o Sindicato, porque é necessário, no mínimo, 50% do grupo se manifestem pela criação.

“Os trabalhadores se organizaram por meio da  ITF, e após a 3a tentativa, estão muito confiantes em um bom resultado. No Brasil e nos países onde a Delta opera, foram feitos atos nos hotéis de pernoite da tripulação, como forma de incentiva-los a participar”, destaca Sergio.

Bandeiras de Conveniência

No desfecho do encontro, foi discutida a prática de bandeiras de conveniência, medida adotada pelas empresas aéreas com o objetivo de economizar.

“Estão tentando reduzir pilotos, tripulantes de cabine, engenheiros, operadores de rampa e outras a baixos salários e força de trabalho sazonal. Há um ataque permanente objetivando destruir todos os ganhos  dos trabalhadores da aviação civil conquistados em lutas no passado. Não vamos permitir que isso aconteça”, finaliza. 

Redação FENTAC