Seminário Mulheres: "Cada um tem potenciais diferentes. Só bastar dar oportunidade e espaço que as coisas acontecem”, frisa Rita

Assessora da SNMT/CUT mostrou como funciona o processo de negociação coletiva

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Como funciona o ambiente da negociação coletiva, que inclui a construção da  pauta de reivindicações  até a forma de negociar foram abordados pela assessora da Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT (SNMT), Rita Pinheiro, no 1º Seminário da Mulher na Aviação da FENTAC, que terminou na quinta-feira (6).

Rita explicou que antes de participar de uma mesa de negociação de Campanha Salarial é importante conhecer o outro lado, ou seja, quem são os negociadores do sindicato patronal, além de se conhecer também, saber quais são suas prioridades e propriedade sobre a pauta. 

“O pressuposto para ter uma boa negociação é garantir a transparência, a relação de confiança; tanto entre os negociadores e os dirigentes que estão negociando. Também é importante ter o respaldo dos trabalhadores”, explica.

A assessora conta que existe no Brasil uma ausência de transparência por parte dos empregadores, isso é ruim porque  a negociação pressupõe a igualdade de condições.  “Por exemplo, as empresas não divulgam os dados verdadeiros do balanço e se eu não tenho isso, já começo a negociação perdendo”, destaca.

Rita conta também que a maioria dos acordos e convenções  analisadas pela SNMT da CUT sempre trata o direito da criança como direito da mulher, mas é da criança, que tem pai e mãe. “Onde esta na negociação o trabalho igual para salário igual entre homens e mulheres, isso sim é uma pauta das mulheres”.

Ela alerta que as mulheres devem defender  as pautas femininas. “É a mesma coisa de um negro falar por um branco. Tem que garantir condições para que as mulheres tenham formação para participar das negociações, e isso é papel do Sindicato”.

Machismo e pacto de solidariedade
Perguntada sobre o enfrentamento ao machismo, Rita disse que é uma luta cotidiana. “A melhor revolução  somos nós assumirmos que vamos romper com o machismo. Temos que nos policiar e exercer todo o dia”.

Rita também destaca que é importante estabelecer um pacto de solidariedade entre as mulheres. “É muito fácil absorver o discurso do outro e julgar a companheira do lado. Cada um tem potenciais diferentes, não existe ninguém burro e nem sábio, que não mereça correções. 
Precisamos de todos e todas, porque cada um tem o seu potencial. Só bastar dar oportunidade  e espaço que as coisas acontecem”, frisa.

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Mulheres fazem simulação de uma mesa de negociação com as empresas – foto: Dino Santos/Mídia Consulte 

Simulação 
A Secretária de Comunicação da CUT/SP e diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Adriana Oliveira Magalhães, coordenou a mesa de simulação de negociação coletiva, realizada na quinta-feira (6), último dia do Seminário.

As trabalhadoras na aviação viveram a experiência de negociar com os empregadores. De um lado, três companheiras se passaram por representantes das empresas aéreas e do outro da bancada dos trabalhadores. 

Na mesa fictícia,  que simulou uma negociação real, as trabalhadores defenderam a reivindicação do direito a um auxílio maquiagem, como um item que compõe o uniforme.  

“Não existe escola no movimento sindical, a gente aprende aqui no dia a dia. Temos que nos empoderar com inteligência, ter postura, ser feminina e respeitar também a individualidade”, destaca Adriana.

Selma Balbino, diretora da FENTAC e do SNA, que tem ampla experiência nas negociações de Campanha Salarial, disse para novas dirigentes: “Ousadia e determinação não tem preço. Não abra mão daquilo que você é capaz de fazer”, finaliza.